No mundo hiperconectado de hoje, perceção é poder. Países e cidades já não competem apenas através da infraestrutura ou de indicadores económicos; competem através da clareza da sua identidade e da força da sua narrativa. É aqui que o branding estratégico, que vai muito além de logótipos e slogans visuais, se torna uma ferramenta transformadora para moldar a reputação e influenciar os principais motores da competitividade. O Bloom Consulting Nation Brand Wheel© ilustra isto de forma clara, mostrando como o branding estratégico pode impactar diretamente cinco objetivos centrais – exportações, investimentos, turismo, talento e notoriedade – enquanto também ressoa com cinco públicos-chave, através de necessidades específicas.
Muitos ainda confundem branding com estética, paletas de cores, slogans e logótipos. Embora a identidade visual faça parte da história, ela não é a história. Uma estratégia de branding verdadeiramente impactante não é decorativa; é direcionada. Define um posicionamento estratégico que orienta a tomada de decisões, o alinhamento das partes interessadas e o crescimento a longo prazo. No nosso trabalho na Bloom Consulting, sublinhamos sempre que o branding não se trata de “ter uma boa aparência”, mas sim de “ser apreciado”.
Quando um lugar carece de uma identidade clara, envia sinais confusos ao mundo. Os investidores sentem incerteza, os turistas permanecem reticentes e as indústrias locais lutam para se diferenciar. Por outro lado, um lugar com um posicionamento estratégico claramente definido, envia uma mensagem unificada e convincente através de todos os setores.
Tomemos a Arábia Saudita, por exemplo. À medida que o país acelera a sua transformação sob a Visão 2030, temos observado uma crescente consciência de que o City e Nation Branding não é apenas uma função de marketing, mas uma estratégia nacional. Quer seja Riade a posicionar-se como uma capital global de negócios e talento, ou AlUla a apresentar-se como um museu vivo, estas narrativas orientam políticas, planeamento urbano, infraestrutura e promoção internacional.
Consideremos Roma. Pergunte a uma audiência global qual é o seu logótipo e poucos conseguirão dar uma resposta clara. Mas pergunte como Roma os faz sentir, e surgirão palavras como “história”, “romance”, “arte” e “beleza intemporal”. Este é o poder da identidade emocional, um aspeto invisível, mas extremamente influente, do Place Branding. A marca de Roma vive nos corações e nas mentes das pessoas, não nos outdoors.
Isto aplica-se de forma transversal:
- Tóquio é conhecida pela inovação e precisão.
- Copenhaga ressoa com sustentabilidade e design.
- Nova Iorque evoca ambição e possibilidades.
Estas cidades não criaram a sua perceção da noite para o dia, nem apenas através de slogans. O seu comportamento estratégico, experiências consistentes e comunicação orientada por valores, construíram essas associações ao longo do tempo.
Em todo o Golfo e na região árabe mais ampla, estamos a assistir a uma mudança significativa na forma como os governos abordam o desenvolvimento e o envolvimento internacional. O foco está cada vez mais a deslocar-se do Nation Branding para a construção e posicionamento estratégico de cidades individuais. Esta mudança não é apenas uma tendência de branding; reflete uma realidade económica mais profunda.
Cidades como Riade, Dubai, Doha e Abu Dhabi já não são apenas capitais administrativas; estão a tornar-se atores económicos globais, cada uma com a sua própria identidade, proposta de valor e objetivos estratégicos. Mesmo dentro do mesmo país, as cidades competem e colaboram para atrair investimentos, talento, turismo e capital cultural.
Este crescimento das economias urbanas, traz consigo várias vantagens estratégicas:
- Precisão no posicionamento: As cidades podem criar narrativas mais direcionadas e alinhadas com os seus ativos específicos, como a ambição de Riade de se tornar um polo de negócios e talento, ou a liderança de AlUla no turismo cultural.
- Implementação mais rápida: As cidades movem-se frequentemente com maior agilidade, permitindo a execução mais célere de estratégias de branding e reformas económicas.
- Poder suave descentralizado: Quando múltiplas cidades de uma nação projetam identidades distintas, o país ganha influência multidimensional a nível global.
Esta abordagem emergente de “City-First” alinha-se perfeitamente com as metodologias da Bloom Consulting, que defendem estratégias de Place Branding feitas à medida, e não “one-size-fits-all”. O Bloom Consulting City Brand Taxonomy Model© permite aos líderes urbanos definir a sua identidade estratégica em múltiplas dimensões, desde governança e exportações até turismo e talento.

Imagem: Bloom Consulting City Brand Taxonomy Model©
A região árabe está repleta de histórias por contar. É tempo de as articularmos, não apenas visualmente, mas de forma estratégica.
Comportamento da Marca
No fim, o branding não é o que dizemos, mas o que fazemos de forma consistente e como isso é percebido. Cidades e países devem ir além do pensamento de campanhas e adotar um branding estratégico a longo prazo, que se alinhe com as suas ambições económicas e verdades culturais. Os lugares mais bem-sucedidos são aqueles que encarnam a sua própria marca, incorporando de forma consistente a Ideia Central que desejam que o mundo associe a eles.
À medida que olhamos para o futuro do Place Branding no Médio Oriente e além, uma coisa é clara: é tempo de parar de perguntar “Qual é o nosso logótipo?” e começar a perguntar “Pelo que queremos ser reconhecidos e como o vamos demonstrar?”
Publicado a 21.10.2025
Citação do artigo:
Bloom Consulting (2025). Para Além dos Logótipos: Como o Branding Estratégico Molda a Perceção, o Investimento e a Competitividade Global. Bloom Consulting Journal, 21 de outubro. Disponível em: https://www.bloom-consulting.com/journal/pt-pt/branding-estrategico-de-cidades-e-nacoes/








