As origens do Placemaking I.D.©

Quando comecei a especializar-me no tema muito desconhecido do Place Branding, fiquei surpreendido com o facto de estar (geralmente) mais preocupado com os impactos externos do que com os benefícios internos. Muito se disse sobre perceção e imagem, mas procurei encontrar algo mais tangível. A minha formação em planeamento urbano, adquirida no Brasil ao lado da arquitetura, levou-me a questionar: onde é que a população local entra na equação? Com o tempo, apercebi-me de que não eram tidos em consideração como me parecia necessário, ou pelo menos, não diretamente.

Mais ou menos na mesma altura, estava a envolver-me recentemente no Placemaking. O Placemaking está de certa forma ligada ao planeamento urbano, tendo em conta as pessoas do lugar. Mesmo com uma visão mais centrada no ser humano, os processos participativos eram em geral pontuais, táticos, micro, e muitas vezes não funcionavam de uma forma estratégica ou sistemática. Quando o faziam, tinham frequentemente o propósito de abordar uma questão essencial como a identidade cultural.

Isolado num país onde na altura o Placemaking ou o Place Branding eram muito desconhecidos como campo ou mesmo como área de especialização, lancei-me no mundo em busca de respostas. Naquele momento descobri que as duas classes eram desconhecidas uma para a outra. Os eventos internacionais não abordavam a outra disciplina como um parceiro compatível para o conhecimento partilhado.

Envolver + compreender + propor + realizar = transformar

Esta sobreposição entre Place Branding e Placemaking pareceu-me óbvia. Durante o ano de 2014, surgiu a ideia de uma fórmula que parecia integrar as duas: envolver + compreender + propor + realizar = transformar. Era essencial acrescentar nestes esforços para transformar verdadeiramente um lugar, novo ou existente, concentrando-se em melhorar a vida das pessoas que aí vivem, trabalham, visitam e investem.

Nasceu então o Placemaking I.D.©. Uma fusão das duas disciplinas. O Placemaking I.D.© tem a capacidade de se envolver com as pessoas em torno de uma ideia partilhada na mesma medida em que compreende e propõe orientações para a transformação do espaço público partilhado, construído ou não. Esta é uma abordagem que envolve as pessoas em torno de elementos intangíveis e simbólicos, ao mesmo tempo que orienta este simbolismo através de elementos transformadores do espaço físico e dos próprios sectores de desenvolvimento económico. Se o impacto social era algo procurado pelo Placemaking I.D.©, o seu desenvolvimento na Bloom Consulting assumiu desde então uma nova dimensão, as alteracoes climaticas. Agora, para além das pessoas, o ambiente encontra um lugar justo no processo, contribuindo ainda mais para a relevância da abordagem.

Um aspeto importante é o facto do Placemaking I.D.© poder ser utilizado nos sectores público e privado. Pode ter impactos igualmente positivos para um município, estado, ou região nacional, da mesma forma que pode trabalhar em nome de um bairro ou desenvolvimento imobiliário recentemente planeado. A intensidade com que tem impacto na região local variará. As próprias cidades, na nossa opinião, devem ser feitas e construídas para as pessoas.